
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) participou, pela primeira vez, do evento Ciência Aberta do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais). Realizado nos dias 30 e 31 de maio em Campinas, o Ciência Aberta é o momento em que o CNPEM abre as portas ao público para apresentar sua infraestrutura científica de ponta.
No estande da SBPC foi apresentada a atividade “Escape Room dos Biomodelos”, uma experiência interativa, lúdica e educativa, especialmente voltada para estudantes do ensino fundamental e médio. Inspirada no formato de escape room, a atividade, que já foi aplicada no projeto “SBPC Vai à Escola”, simula um ambiente em que os participantes devem resolver enigmas relacionados à pesquisa científica, ao uso e substituição de animais em laboratório e ao desenvolvimento de biomodelos tridimensionais.
A iniciativa foi elaborada pelo INCT em Modelagem de Doenças Humanas Complexas com Plataformas 3D (INCT Model3D) e pelo Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Nós apresentamos no CNPEM o Escape Room dos Biomodelos, uma atividade voltada para adolescentes aprenderem mais sobre as pesquisas realizadas no INCT Model 3D e também para aprenderem sobre o uso de animais em pesquisas, que ainda é necessário e que realizamos na Fiocruz”, explicou Klena Sarges, pesquisadora em saúde pública do Instituto Oswaldo Cruz e do INCT Model3D.
Durante o Ciência Aberta, o espaço recebeu cerca de 250 pessoas, que aguardavam pacientemente na longa fila que se formou nos dois dias de evento, tamanho o interesse que a atração despertou. Em grupos de até cinco participantes, os visitantes percorriam três salas interativas, cada uma com um desafio diferente, em um trajeto que durava cerca de 20 minutos. Ao final, todos recebiam brindes da SBPC e material informativo sobre a entidade e suas iniciativas de valorização da ciência, como o Prêmio Carolina Bori “Ciência & Mulher”.
Com participação de três monitores, além de parte da equipe de comunicação da SBPC, a atividade teve como objetivo promover uma experiência de aprendizagem envolvente, criativa e impactante, despertando o interesse pela ciência e estimulando habilidades cognitivas e colaborativas.
“Os adolescentes que vieram aqui acabaram se divertindo bastante porque a sala conta com algumas piadas, algumas brincadeiras aqui e ali, para divertir e conscientizar sobre as vacinas, que são importantes, já que não podemos dar mole para os vírus”, contou Mayara Azevedo da Silva, uma das monitoras envolvidas na atração.
A receptividade do público foi extremamente positiva, especialmente entre crianças e jovens, mas também entre os adultos – pais e professores – que participaram juntos. Muitos relataram entusiasmo com a proposta de explorar conceitos científicos de forma leve e instigante. “Parece que eu estou aprendendo aqui coisa que eu nunca aprenderia na escola”, disse João Cunha, de 9 anos, ao sair da sala. Rafael, estudante do Ensino Médio, destacou: “Achei bem legal os enigmas e os vídeos. A proposta é bem interessante e super divertida”. Já Marina, aluna da Escola Técnica Estadual Conselheiro Antônio Prado (ETECAP), ressaltou como a vivência contribuiu para sua formação: “A experiência foi incrível, me fez entender muito melhor como funciona o medicamento testado em animais. Me tirou várias dúvidas e me deu ideias para o meu TCC.”
Além da professora Klena Sarges, a ação também foi coordenada por Giselle Zenker, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e secretária regional da SBPC-SP Área I.
“Esse projeto é importante porque, primeiramente, ele traz todos os conhecimentos a respeito do tratamento dos animais, a importância deles para a pesquisa científica e como reduzir o uso (de animais). Também apresenta todos os novos modelos que a gente tem para a substituição desses animais na pesquisa. Então, além dessa parte científica, a atividade tem todo esse propósito educacional envolvido. Quando ela foi pensada, a gente tentou envolver os princípios da atratividade, da jogabilidade e desse envolvimento educacional. O aluno se envolve, brinca, exercita a sua criatividade e ainda faz tudo em grupo”, concluiu Zenker.
Mais de 100 atrações foram distribuídas pelos quatro laboratórios nacionais que integram o CNPEM — o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o de Biociências (LNBio), o de Nanotecnologia (LNNano) e o de Biorrenováveis (LNBR) —, além da Ilum Escola de Ciência, instituição de ensino superior do centro.
Segundo dados da organização do evento, o Ciência Aberta recebeu mais de 38 mil visitantes nos seus dois dias de atividades (30 e 31 de maio), um recorde em relação aos anos anteriores. Na sexta-feira, 30/05, data exclusiva para grupos de estudantes cadastrados, o evento reuniu mais de 234 instituições de ensino, vindas de 7 estados e 80 cidades, o que representa mais de 16 mil pessoas, entre docentes e estudantes do ensino fundamental à pós-graduação.
Já no sábado, 31/05, dia dedicado ao público em geral, o Ciência Aberta reuniu mais de 22 mil pessoas. Nos dois dias de evento foram arrecadadas 4,5 toneladas de alimentos para doação a instituições de Campinas, cidade-sede do CNPEM.
Rafael Revadam e Daniela Klebis – Jornal da Ciência